Fibromialgia
Fibromialgia – Definição, Sintomas e Porque Acontece.
Definição
A síndrome da fibromialgia (FM) é uma síndrome clínica que se
manifesta com dor no corpo todo, principalmente na musculatura. Junto com a
dor, a fibromialgia cursa com sintomas de fadiga (cansaço), sono não reparador
(a pessoa acorda cansada) e outros sintomas como alterações de memória e
atenção, ansiedade, depressão e alterações intestinais. Uma característica da
pessoa com FM é a grande sensibilidade ao toque e à compressão da musculatura
pelo examinador ou por outras pessoas.
A fibromialgia é um problema bastante comum, visto em pelo menos em 5% dos pacientes que vão a um consultório de Clínica Médica e em 10 a 15% dos pacientes que vão a um consultório de Reumatologia.
De cada 10 pacientes com fibromialgia, sete a nove são mulheres.
Não se sabe a razão porque isto acontece. Não parece haver uma relação com
hormônios, pois a fibromialgia afeta as mulheres tanto antes quanto depois da
menopausa. Talvez os critérios utilizados hoje no diagnóstico da FM tendam a
incluir mais mulheres. A idade de aparecimento da fibromialgia é
geralmente entre os 30 e 60 anos. Porém, existem casos em pessoas mais velhas e
também em crianças e adolescentes.
O diagnóstico da fibromialgia é clínico, isto é, não se
necessitam de exames para comprovar que ela está presente. Se o médico fizer
uma boa entrevista clínica, pode fazer o diagnóstico de fibromialgia na
primeira consulta e descartar outros problemas.
Na reumatologia, são comumente usados critérios diagnósticos
para se definir se o paciente tem uma doença reumática ou outra. Isto é
importante especialmente quando se faz uma pesquisa, para se garantir que todos
os pacientes apresentem o mesmo diagnóstico. Muitas vezes, entretanto, estes
critérios são utilizados também na prática médica.
Os critérios de diagnóstico da fibromialgia são:
a) dor por mais de três meses em todo o corpo e
b) presença de pontos dolorosos na musculatura (11 pontos, de 18
que estão pré-estabelecidos).
Deve-se salientar que muitas vezes, mesmo que os pacientes não
apresentem todos os pontos, o diagnóstico de FM é feito e o tratamento
iniciado.
Estes critérios são alvo de inúmeras críticas – como dissemos
anteriormente, quanto mais pontos se exigem, mais mulheres e menos homens
recebem o diagnóstico. Além disso, esses critérios não avaliam sintomas importantes
na FM, como a alteração do sono e fadiga.
Provavelmente o médico pedirá alguns exames de sangue, não para
comprovar a fibromialgia, mas para afastar outros problemas que possam simular
esta síndrome. O DIAGNÓSTICO DE FIBROMIALGIA É CLÍNICO, NÃO HAVENDO EXAMES QUE
O COMPROVEM.
Sintomas

Existe uma maior sensibilidade ao toque, sendo que muitos
pacientes não toleram ser “agarrados” ou mesmo abraçados. Não há inchaço das
articulações na FM, pois não há inflamação nas articulações. A sensação de
inchaço pode aparecer pela contração da musculatura em resposta à dor.
A alteração do sono na fibromialgia é frequente, afetando quase
95% dos pacientes. No início da década de 80, descobriu-se que pacientes com
fibromialgia apresentam um defeito típico no sono – uma dificuldade de manter
um sono profundo. O sono tende a ser superficial e/ou interrompido.
Com o sono profundo interrompido, a qualidade de sono cai muito
e a pessoa acorda cansada, mesmo que tenha dormido por um longo tempo – “acordo
mais cansada do que eu deitei” e “parece que um caminhão passou sobre mim” são
frases frequentemente usadas. Esta má qualidade do sono aumenta a fadiga, a
contração muscular e a dor.
Outros problemas no sono afetam os pacientes com fibromialgia.
Alguns referem um desconforto grande nas pernas ao deitar na cama, com
necessidade de esticá-las, mexê-las ou sair andando para aliviar este
desconforto. Este problema é chamado Síndrome das Pernas Inquietas e possui
tratamento específico. Outros apresentam a Síndrome da Apneia do Sono, e param
de respirar durante a noite. Isto também causa uma queda na qualidade do sono e
sonolência excessiva durante o dia.
A fadiga (cansaço) é outro sintoma comum na FM, e parece ir além
ao causado somente pelo sono não reparador. Os pacientes apresentam baixa
tolerância ao exercício, o que é um grande problema, já que a atividade física
é um dos grandes tratamentos da FM.
A depressão está presente em 50% dos pacientes com fibromialgia.
Isto quer dizer duas coisas: 1) a depressão é comum nestes pacientes e 2) nem
todo paciente com fibromialgia tem depressão. Por muito tempo pensou-se que a
fibromialgia era uma “depressão mascarada”. Hoje, sabemos que a dor da
fibromialgia é real, e não se deve pensar que o paciente está “somatizando”,
isto é, manifestando um problema psicológico através da dor.
Por outro lado, não se pode deixar a depressão de lado ao
avaliar um paciente com fibromialgia. A depressão, por si só, piora o sono,
aumenta a fadiga, diminui a disposição para o exercício e aumenta a
sensibilidade do corpo. Ela deve ser detectada e devidamente tratada se estiver
presente.
Pacientes com FM queixam-se muito de alterações de memória e de
atenção, e isso se deve mais ao fato da dor ser crônica do que a alguma lesão
cerebral grave. Para o corpo, a dor é sempre um sintoma importante e o cérebro
dedica energia lidando com esta dor e outras tarefas, como memória e atenção, ficam
prejudicadas.
Como veremos a seguir, imagina-se que a principal causa dor
difusa em pacientes com FM seja uma maior sensibilidade do paciente à dor, por
uma ativação do sistema nervoso central. Não é de espantar, portanto, que
outros estímulos também sejam amplificados e causem desconforto aos pacientes.
A síndrome do intestino irritável, por exemplo, acontece em quase 60% dos
pacientes com FM e caracteriza-se por dor abdominal e alteração do ritmo
intestinal para mais ou para menos. Além disso, pacientes apresentam a bexiga
mais sensível, sensações de amortecimentos em mãos e pés, dores de cabeça
frequentes e maior sensibilidade a estímulos ambientais, como cheiros e
barulhos fortes.
O que causa a Fibromialgia?
Não existe ainda uma causa única conhecida para a fibromialgia,
mas já temos algumas pistas porque as pessoas têm esta síndrome. Os estudos
mais recentes mostram que os pacientes com fibromialgia apresentam uma
sensibilidade maior à dor do que pessoas sem fibromialgia. Na verdade, seria
como se o cérebro das pessoas com fibromialgia estivesse com um “termostato” ou
um “botão de volume” desregulado, que ativasse todo o sistema nervoso para
fazer a pessoa sentir mais dor. Desta maneira, nervos, medula e cérebro fazem
que qualquer estímulo doloroso seja aumentado de intensidade.
A fibromialgia pode aparecer depois de eventos graves na vida de
uma pessoa, como um trauma físico, psicológico ou mesmo uma infecção grave. O
mais comum é que o quadro comece com uma dor localizada crônica, que progride
para envolver todo o corpo. O motivo pelo qual algumas pessoas desenvolvem
fibromialgia e outras não ainda é desconhecido.
O que não mais se discute é se a dor do paciente é real ou não.
Hoje, com técnicas de pesquisa que permitem ver o cérebro em funcionamento em
tempo real, descobriu-se que pacientes com FM realmente estão sentindo a dor
que referem. Mas é uma dor diferente, onde não há lesão na periferia do corpo,
e mesmo assim a pessoa sente dor. Toda dor é um alarme de incêndio no corpo –
ela indica onde devemos ir para apagar o incêndio. Na fibromialgia é diferente
– não há fogo nenhum, esse alarme dispara sem necessidade e precisa ser
novamente “regulado”.
Esse melhor entendimento da FM indica que muitos sintomas como a
alteração do sono e do humor, que eram considerados causadores da dor, na
verdade são decorrentes da dor crônica e da ativação de um sistema de stress
crônico. Entretanto, mesmo sem serem causadores, estes problemas aumentam a dor
dos pacientes com FM, e devem também ser levados em consideração na hora do
tratamento.
FONTE:
Autoria: Comissão de Dor, Fibromialgia e Outras Síndromes
Dolorosas de Partes Moles
20/04/2011
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